Crítica: Franz Ferdinand - The Human Fear
Banda retorna com novo álbum de inéditas após sete anos
Aos 16 anos, eu era um jovem adolescente com toda vida pela frente e um mundo de possibilidades e havia descoberto bem recentemente o prazer de ouvir música. Trabalhava na loja de material de construção do meu pai e deixava o rádio ligado na maior parte do tempo em um ano emocionalmente complicado e explosivo na mesma medida. Uma das bandas daquele ano que explodiram minha cabeça foi o Franz Ferdinand.
Esses escoceses chegaram com tudo no álbum de estreia, misturando todo tipo de influência do rock e pop dos anos 1980 em uma embalagem prontinha para gente como eu dançar e cantar “Take Me Out” e “This Fire”. Com o passar dos anos, a banda liderada por Alex Kapranos se assentou como uma música conforto, aquela que não tem erro quando toca em uma festa, um encontro entre amigos ou em casa apenas por pura curtição. Prova disso é “The Human Fear”, sexto álbum de estúdio.
Eles poderiam ter virado uma espécie de novo Duran Duran, ter optado pelo caminho da grandiosidade como conseguiu o Coldplay ou como tentou o Muse. Ou ainda ter partido para músicas mais maduras como o Arctic Monkeys. Mas não. Eles seguem na mesma pegada oitentista de antes com bons resultados. Essa confiança no próprio repertório chega com tudo em “Audacious”, faixa de abertura, e em “Everydaydreamer”, aquela dançante com um quê de melancolia.
O álbum segue com a ótima “The Doctor”, uma dessas com tudo no lugar e feita para colocar o ouvinte para dançar em qualquer lugar. É o grande acerto do álbum. O caminho da primeira metade segue pela eletrônica “Hooked”, a simpática “Build It Up” e outra acima da média e bem a cara deles: a entusiasmada e com refrão positivo “Night or Day” (“Life is never going to be easy/ But if you're living it with me/ We're gonna live it up night or day/ Well, I want to live a life with you/ No, life is you/ And I want it night or day”).
A partir da segunda metade, iniciada em “Tell Me I Should Stay”, o Franz Ferdinand tira um pouco o pé na simpática “Cats” e na inofensiva “Black Eyelashes”, mas retorna em “Bar Lonely”, mais uma certeira e feita para mexer o esqueleto (“Bar Lonely is so close/ It's on the corner at the Golden Gai/ You know the owner and he knows/ Which shot is the usual for you/ The memories he will remove from you/ He'll be taking everything you can lose/ By the end of the night/ Of the night, of the night”) e encerra com as guitarras altas em “The Birds”.
Foram cinco anos entre “Right Thoughts, Right Words, Right Action” (2013) e “Always Ascending” (2018) e mais sete até o lançamento do novo álbum, um resumo perfeito de um banda que não precisa estar sempre presente com novidades o tempo inteiro. E eles sempre terão os hits para relembrar a todos nós de uma época mais simples da juventude, o suficiente para o Franz Ferdinand ficar para sempre em nossos corações e ouvidos.
Tracklist:
1 - “Audacious”
2 - “Everydaydreamer”
3 - “The Doctor”
4 - “Hooked”
5 - “Build It Up”
6 - “Night or Day”
7 - “Tell Me I Should Stay”
8 - “Cats”
9 - “Black Eyelashes”
10 - “Bar Lonely”
11 - “The Birds”
Avaliação: bom
Alex Kapranos: vocal, guitarra e teclado
Bob Hardy: baixo
Julian Corrie: teclado, sintetizador e vocal de apoio
Dino Bardot: guitarra e vocal de apoio
Audrey Tait: bateria e percussão
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Boa semana a todos!
O disco me desceu bem melhor na segunda audição, de início gostei só dos singles mesmo. Depois fui encontrando as nuances. O Franz pode seguir fazendo o mais do mesmo, e sempre vai ser delicinha.