Cinco discos que ouvi nos últimos dias #1
Só artistas independentes de diversos gêneros para agradar todos os ouvidos
Moonchild Sanelly - “Full Moon”
Um furacão na África do Sul desde o lançamento do primeiro single, Moonchild Sanelly é brutalmente honesta nas letras e em como se apresenta ao mundo, com o cabelo azul sendo a marca registrada. Em “Full Moon”, ela aposta nesse pop atual acelerado e beirando o EDM. Falando abertamente sobre sexo, feminismo e assuntos incômodos para outras pessoas, ela pode soar como uma espécie de nova Nicki Minaj para muitos ouvidos, mas com muito mais a dizer para quem prestar atenção, principalmente pelo fato de cantar parte das músicas no dialeto xhosa. É o tipo de álbum que catapulta artistas ao estrelato, ainda mais uma pessoa com a força de 150 homens.
Avaliação: ótimo
Lambrini Girls - “Who Let the Dogs Out”
Uma banda punk inglesa estreante tem por obrigação constitucional fazer uma crítica pesada ao status quo e defender ao máximo as minorias da opressão do capitalismo. Quem cumpre esses requisitos com maestria é o duo Lambrini Girls em “Who Let the Dogs Out”, primeiro disco cheio da carreira. Outros requisitos cumpridos com maestria: vocal gritado e guitarras altas, prontas para conquistar quem gosta desse estilo. Outro ponto importante é a juventude e a sensação de invencibilidade em quase 30 minutos de duração, fundamental para toda pessoa jovem sem medo de arriscar e nada conservadora em gestos, atitudes e visual. Quando elas cantam “Don't tell me to calm down/ I was born to stand out/ And I know they call me different/ And I know they call me special/ But it's never spoken kindly when anybody says it/ Special, different”, dá para saber que vem do fundo da alma.
Avaliação: ótimo
Alpaca Sports - “Another Day”
Invariavelmente, gostar de um artista é como se apaixonar pela primeira vez: a sensação de entrar em um mundo totalmente novo e cheio de possibilidades anima o corpo e a cabeça. O caso do momento em que, por pura curiosidade pelo nome do artista, fui ouvir “Another Day”, novo disco do Alpaca Sports. Descobri que é um duo formado pelos suecos Andreas Jonsson e Amanda Åkerman e está em atividade desde 2011. Eles fazem uma música gostosinha de ouvir e misturam momentos bem indie-de-pista-de-quando-eu-era-jovem com aquela lentinha-para-dançar-juntinho-quando-eu-também-era-jovem. Divertido e relaxantes, esse novo álbum deles é uma grata surpresa logo nos primeiros dias de 2025.
Avaliação: muito bom
The Weather Station - “Humanhood”
O Weather Station tem nome de banda, mas quem comanda o projeto desde o início é Tamara Lindeman. A vocalista explora gêneros musicais em texturas complexas para letras melancólicas em “Humanhood”, sétimo álbum de estúdio. Ela passa pelo jazz, experimental, pop, folk, country e rock com leveza de destreza, algo fundamental quando a liberdade musical é uma escolha, não uma prisão. Quando ela canta na faixa-título “Carrying this humanhood/ I went carrying this humanhood/ I've been carrying this humanhood/ Tryna makе good on it”, mostra força e prontidão para seguir, apesar dos problemas, em canções cheias de delicadeza e poesia. Um trabalho refinado e cheio de beleza como poucos.
Avaliação: muito bom
Jasmine.4.t. - “You Are the Morning”
A amizade entre Lucy Dacus, Phoebe Bridgers e Julien Baker acabou se transformando no trio Boygenius, de grande sucesso no ano passado. Logo após o fim da turnê, elas anunciaram um selo, chamado Saddest Factory, para lançar artistas que elas gostaram de ouvir. E a estreia não poderia ter sido melhor com a escolha de Jasmine.4.t., uma mulher trans que passou por poucas e boas durante a COVID — ela ficou de cama por seis meses, sem conseguir escrever e ainda viu o casamento desmoronar sem conseguir fazer nada. Com músicas cheias de emoção em um quase fluxo de consciência, ela conseguiu refinar o trabalho com ajuda delas e de amigos que a acolheram em um momento difícil. Toda essa temática é refletida nas letras sobre aceitação, problemas emocionais difíceis de lidar e o apoio da comunidade LGBTQIA+ no Reino Unido. É uma audição emocionante sob todos os pontos de vista, mas calorosa pelo fato de ela estar viva para contar todas essas histórias, graças a uma oportunidade recebida em um álbum de estreia cheio de delicadeza nos arranjos e potência nas letras.
Avaliação: ótimo
Assine
Por apenas R$ 5 por mês ou R$ 50 no plano anual, você ajuda a manter o trabalho por aqui e fortalece o jornalismo independente. É importante porque o algoritmo do Google e a inteligência artificial, em outras palavras, estão f*dendo meu trabalho no site.
Veja também:
Gostou do meu trabalho? Mande a newsletter para um amigo e compartilhe nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp e Telegram!
Boa semana a todos!